Vão lá tempos em que um rapazinho,
cedo saída de sua casa, com umas pequenas castanholas na mão, para acompanhar
os Mareantes do Rio de Douro, na famosa Romaria de S. Gonçalo, em VilaNova de
Gaia.
De manhã até à noite, o pequeno percorria
as várias ruas das freguesias, atrás dos Mareantes, batendo as castanholas e
gritando
“– E ele é nosso! E é, é, é!”
Terminada a festa, regressava a
casa e entregada à tia as castanholas, que as guardava até ao próximo ano. Ano
após ano a rotina era a mesma.
Já homem, e pai de família, não
seguia mais os Mareantes, mas ia à festa levando pela mão a mais novinha de
suas filhas e lá lhe contava a sua façanha de rapazinho e mostrava-lhe as
velhinhas castanholas.
O tempo passou, as filhas
cresceram, constituíram família, e o tempo do rapazinho nesta vida terminou.
E as velhas castanholas? Que
foram feitas delas?
Estão, todos os anos, no dia da
Romaria de S. Gonçalo, no bolso do casaco de uma mulher que vai à Igreja de
Mafamude ver os Mareantes do Rio Douro, e desta forma honra com amor e saudade
o rapazinho que foi o seu pai.
15/01/2012 – LeCaS
(Escrito com carinho para a Tita e para o Matos)